Sant’Elia e a Cittá Nuova

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A aplicação do termo “futurista” ás opiniões de e projetos de Sant’elia tem sido contestada com entusiasmo desde 1955, talvez por causa de Marinetti, que após sua morte (como herói na batalha de monfalcone em outubro de 1916) alimentou seu nome e reputação e levou seu trabalho ao conhecimento do grupo holandês de Stijl, aparecendo as tentativas de diminuir a importância de Sant’Elia no futurismo. Entretanto foi ele que fundou as bases ideológicas e projetuais da arquitetura futurista.
Na sua primeira exposição com características futuristas em 1914, SantElia mostrou seus primeiros desenhos para a Cittá Nuova futurista, e como prefácio a essa exposição, assinou o messagio (mensagem), criado com a ajuda de Nebbia.
O messagio especifica sem usar o a palavra ‘futurista”- a forma rigorosa que a arquitetura deveria adotar no futuro:

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Trechos do messagio:
“O problema da arquitetura moderna não consiste em reajustar suas linhas; não é uma questão de encontrar novas molduras, novas arquitraves para portas e janelas; tampouco se trata de substituir colunas, pilastras e modilhões por cariátides, vespões e rãs, etc. (…), mas sim de erguer a nova estrutura edificada em um plano ideal, valendo-se de todos os benefícios da ciência e da tecnologia (…), estabelecer novas formas, novas linhas, novas razoes para a existência exclusivamente a partir das condições especiais da vida moderna e de sua projeção como valor estético em nossa sensibilidade.”

“… por tais razões insisto em que devemos abolir o monumental e o decorativo; que devemos resolver o problema da arquitetura moderna sem plagiar fotos da China, Pérsia ou Japão, e sem estupidificar-nos com regras vitruvianas, mas sim por meio de lances de gênio, equipados somente com uma cultura cientifica e tecnológica; que tudo deve ser revolucionado.”

“e concluo contra:
A arquitetura da moda e todo estilo e nação.
Arquitetura classicamente solene, hierárquica, teatral, decorativa, monumental, graciosa ou agradável.
Preservação, reconstrução, reprodução de monumentos antigos.
Linhas perpendiculares e horizontais, formas cúbicas e piramidais, estáticas, graves e opressivas e absolutamente estranhas a nossas sensibilidades mais recentes.
Uso de materiais que sejam maciços, volumosos, duráveis e caros, todos estes opostos á complexidade da cultura e experiência modernas.

e afirmo

que a nova arquitetura é arquitetura do calculo frio, da simplicidade e da temeridade arrojada; a arquitetura do concreto armado, ferro, vidro, fibras têxteis e de todos substitutos de madeira, pedra e tijolo que são os responsáveis pelo Maximo de elasticidade e leveza.

E finalmente afirmo que, assim que, assim como os antigos extraiam sua inspiração para arte dos elementos do mundo natural, do mesmo modo que nós- artificiais material e espiritualmente- devemos encontrar nossa inspiração no novo mundo mecânico que criamos, do qual a arquitetura deve ser a mais justa expressão, a síntese mais total, a integração artística mais eficaz…”
Apesar de não aparecer a palavra futurismo no messagio, estes ideais estão contido em espírito, forma, e inspiração, está manifesto em sua rejeição do passado, da monumentalidade e do classicismo, sua insistência nas mudanças revolucionaria na vida cultural, forjadas pela ciência e pela técnica, e também na suas opiniões com preposições positivas e negativas no final.

Nos termos de Frampton; ”Os esboços de Sant’Elia para a Cittá Nuova não são coerentes com os seus preceitos. O messagio tinha uma posição firme quanto a arquitetura comemorativa e, por conseguinte, contra todas as formas estáticas e piramidais, enquanto os desenhos de Sant’Elia estão repletos de tais imagens monumentais.”

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Em julho de 1914 foi publicado, o manifesto da arquitetura futurista para reconhecimento publico de Sant’Elia como futurista, parece uma nova versão para o messagio, assinado só por ele mesmo e publicado por Marinetti, além do termo futurista sempre que pudesse, o manifesto pouco acrescentou no messagio, além de alguns trechos como: “nossas casas durarão menos que nós, e cada geração precisara construir as suas”. Negando todo tipo de permanência.

Em 1915 Sant’Elia, Boccioni, Marinetti, Piatti e Russollo assinaram o manifesto político futurista e protofascista Orgulho italiano. No mesmo ano, Sant’Elia, junto com outros futuristas entrou para a carreira militar, que culminou com sua morte no front, em 1916. Com a perda de Boccioni dois messe antes o período gerador do futurismo chegou em um fim abrupto, Marinetti sobreviveu a este holocausto para lembrar seu companheiros e defensores e a geração do pós guerra das idéias futuristas.
Insistente, ainda e 1931 Marinetti criou o manifesto da arte sacra futurista, onde ele insistia em que os candelabros das igrejas “devem ser substituios por poderosas luzes elétricas, brancas e azuis”. Mas não criou repercussão num movimento que há muito já estava em decadência. E depois de 1919 foram os construtivistas russos e não os italianos, que assumiram as concepções iniciais do modernismo militante de Marinetti, Boccioni e Sant’Elia.


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